Coluna do Albio Melchioretto #51: Para que serve um blog para um clube pequeno?

Colunista cita exemplo de equipe de Blumenau para destacar importância das mídias sociais para os clubes (Foto: Reprodução)
A coluna de hoje vai falar de uma realidade nacional a partir de um exemplo local. Quero partir do futebol de Blumenau para pensar a situação da maioria dos clubes brasileiros. Em Blumenau há o Metropolitano, clube que está disputando pela quarta vez a série D do Brasileirão e foi fundado no início dos anos 2000. O Blumenau Esporte Clube, e suas variações, com muitas viúvas, que foi o grande clube da região nos anos de 1980. Este ano, disputou parte da segundona do estadual, depois de goleadas sonoras, não pagou ninguém e abandonou a competição pela metade, assunto velado na imprensa local. Há dias percebo alguns adesivos em carros, um muito parecido com o Borussia Dortmund, mas com outras inscrições. Dias depois, deparo-me com atletas com um uniforme laranja, nada discreto, correndo no parque e ruas da cidade com um escudo desconhecido. Consultei o “Pai Google” e descobri que se tratam de dois novos clubes na cidade, o Borussia Blumenau e Clube Atlético Blumenauense. Nenhum deles consta ainda, pelo menos até agora, domingo 02, entre os filiados na Federação Catarinense. Mas ambos, nas mídias sociais falam em disputar a terceirona do estadual e no sonho de um lugar ao sol. Na mídia tradicional, pouca ou quase nenhuma informação relevante sobre ambos. Novos e ignorados.

As mídias sociais constituem o momento das conexões. Elas permitem ao usuário leigo postagem de diferentes conteúdo. Vide o sucesso da década passada dos blogs e os que ainda resistem hoje. Dos blogs para as ferramentas que formam redes sociais. A divulgação da informação passou por uma transformação. Não apenas divulgar, mas interagir, opinar, conversar, tornar o distante próximo. E para tudo isso é completamente dispensável o conhecimento de programação. Bastar ter uma conta e sair postando. Vivemos hoje uma catarse de postagens, seja qual for a mídia social. Todos postam de tudo, muito falatório e pouca reflexão. Uma vulgarização de postagens, porém, neste mundo rizomático, há alguns que buscam um espaço. Por exemplo, o Borussia Blumenau ainda não estreou profissionalmente e já tem perfil no facebook. Nem estou a falar de fan-page, mas perfil mesmo. O Atlético Blumenauense em seu blog deixa o possível interessado ao par do dia a dia do clube, inclusive demonstrando as dívidas no fechamento do caixa (já nasce com dívidas). E claro, há o espaço para o sócio-torcedor, sempre!

Onde quero chegar hoje? Usar estes exemplos para dizer que os pequenos tem dificuldade para chegar a mídia. E as mídias sociais podem ser uma alternativa interessante, porém, é uma árdua possibilidade. A mídia alternativa funciona, mas não atinge as massas, apenas os curiosos. Estima-se que há mais de quinhentos clubes de futebol pelo país, todos os anos novos surgem. Mas há espaço para tanto? Num calendário de competições de três meses isto torna-se muito complicado. E são pouquíssimos que conseguem chegar a elite. Barueri e São Caetano podem ser a exceção a regra, talvez o RedBull Brasil seja a próxima. Mas quem são seus torcedores? As mídias sociais surgem como alternativa, como vitrine, mas poucos estão interessados em ver e enquanto não houver uma racionalização do calendário, menor será a chance de ser vistos. Mas futebol profissional não se faz com mídia amadora, tampouco com gestão. Perfil e blog pode ser alternativa, mas não solução. Então, como um clube pequeno pode ser conhecido? Será que um dia Atlético Blumenauense e Borussia Blumenau serão famosos? Ou repetirão tantos outros?

Entrevista a Lidiane Soares, presidente do Clube Atlético Blumenauense (CAB).

1. O que os motiva a fazer futebol em Blumenau, haja vista a dificuldade de apoio da mídia?
A motivação de fazer futebol aqui em Blumenau vem da tradição que a cidade tem nos esportes inclusive o futebol, aqui tivemos o Palmeiras, Olímpico e o Antigo BEC que atraiam grandes público em seus jogos e esperamos reviver esses tempos, sabemos que o futebol é um grande negócio e a mídia necessita de um bom produto que consiga vender a seus clientes(anunciantes).

2. Como vencer a desconfiança do torcedor de Blumenau depois de alguns fiascos protagonizados por outros clubes, caso recente o “novo” BEC?
Quando  coloca-se um produto no mercado, é importante que esse produto traga credibilidade e satisfação a quem o consome, bom a primeira parte do projeto foi buscar uma casa que hoje temos, onde podemos treinar e trazer pessoas interessadas em conhecer nosso clube, estamos na antiga sede da Associação de moradores da rua São João hoje chamamos de CT  Ninho da Águia ao qual está passando por  reformas este espaço aonde queremos reunir nossos torcedores, parceiros e simpatizantes, hoje recebemos visitas de pessoas interessadas em conhecer nosso projeto, e mostramos que vamos fazer algo responsável porque carregamos o nome da cidade em nosso uniforme e queremos representa-la como tal, é o CAB é um clube empresa, temos um custo mensal que gira em torno de 15(quinze) mil reais, temos 25(vinte e cinco) atletas alojados, que recebem 3(três) refeições diárias, mantemos uma comissão técnica , (1)um zelador(1),uma cozinheira e (2)dois funcionários administrativos na sede do clube, sabemos que não será fácil, mais acreditamos que vamos conseguir criar um clube apaixonante  e trazer a confiança destes apaixonados por futebol

3. Quais campeonatos do CA Blumenauense pretende disputar? Já que, até agora, a tabela da Série C do Catarinense não consta, pelo site da FCF, a participação do mesmo?
A diretoria do CAB  em seu projeto até 2016, projetou em disputar em 2015, o campeonato da liga blumenauense  em setembro ao qual já foi feita a solicitação da inclusão do clube no mesmo e em janeiro de 2016 o campeonato regional de clubes amadores e no segundo semestre de 2016 disputar o profissional da terceira divisão, inclusive já enviamos também a solicitação e as informações sobre o  procedimento para esta profissionalização do clube  e este ano  ainda temos a parceria do Santa Catarina Clube para o Catarinense da Série C.

4. Como buscar apoio de novos torcedores?
O apoio de novos torcedores vem com o tempo estamos fazendo ações de marketing para atrair sócios, temos uma equipe que busca essa captação destes torcedores, pesquisamos muito a história dos clubes de massas e foi determinante a escolha do bairro e sua localização, tudo que fazemos hoje e no intuito de atrair novos simpatizantes, torcedores e parceiros para fazer parte deste projeto.

ESPAÇO DO LEITOR

A moda do Ribamar Xavier, e com sua permissão, quero também usar o expediente dos leitores. Trazendo, quando comentado, algumas provocações para este espaço.

“Acho que tem futebol demais ja... ta na hora de transmitirem mais quantidade de outros esportes” (Fairline360). Fiz um rápido levantamento nas agendas esportivas da semana de 26 de julho (domingo) a 01 de agosto (sábado). Sei que ainda não retomaram as atividades efetivas o futebol europeu, mas nesta semana foram transmitidos 117 eventos esportivos ao vivo ou inéditos. Contei apenas a primeira aparição, excluindo os VTs. Destes 54 foram partidas de futebol, enquanto que 63 foram eventos dos mais diferentes esportes. Desconsiderei os canais Sports+ (apenas tênis na semana); The Golf Channel e Combate por serem canais específicos.

“Isso. Mas como foi citado não só por mim como por outros tb, pegue por favor tb no pé da Band que tem os direitos da Indy e joga tudo pro Bandsports e da Rede Globo, que compra direitos de tudo, como exemplo a Copa América, e só passa na Sportv. Afinal, pau que bate em Chico bate em Francisco tb. Essa é a lógica” (Diego Lopes). Sim, infelizmente esta é uma prática de todos os canais.

Albio Melchioretto - colunista do Esporteemidia.com
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto






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