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Albio Melchioretto #95: Tite, um herói?

Colunista fala sobre o poder da mídia esportiva em transformar pessoas em heróis (Foto: Reprodução)
O cinema americano aposta constantemente na figura do herói. Ao tomarmos os cartazes de lançamento deste ano veremos que esta ideia se repete diversas vezes. São leituras e re-leituras constantes de figurinhas que surgiram nos quadrinhos. Quando uma história não se basta, algum roteirista brilhante cruza histórias e cria uma guerra generalizada de idas e vindas. Para além dos quadrinhos, a história da humanidade é marcada por forças mágicas de combate que superam a natureza das coisas e de maneira mística constroem um novo significado para determinadas situações. Assim foi com a criação mítica primitiva e também foi com a era de ouro dos quadrinhos americanos, durante os anos de 1930, em meio a Grande Depressão americana. O herói e a valorização do real, do indivíduo, da humanidade tecem modelos de qualidades e virtudes. A maximização do homem se constrói diante de sua própria insignificância.

As situações que evidenciam o reforço do mítico acontecem em torno de imagens e do comportamento. Ações que são instrumentos do cotidiano. A grande mídia está sempre presente no surgimento de um herói ou numa campanha para criação de demônios. Não estou aqui julgando o bem e o mal na ação, mas, vide o foi feito com Dunga e Tite. Enquanto que um tem a imagem destruída arranhada, o outro a tem supervalorizada e ninguém ousa questionar sua competência. Não estou defendendo, nem menos, acusando nenhum dos dois. Assim como você, também tenho minhas preferências e provavelmente vamos concordar sobre qual dos dois é o melhor para a seleção brasileira. Mas quero questionar o poder que a mídia tem para eleger ou destruir figuras de heróis, como se os treinadores de futebol, e de modo especial o da seleção brasileira, estivessem sempre acima da natureza humana.

A figura de um mito, de heróis, pressupõe a existência de demônios.

Albio Melchioretto - colunista do Esporteemidia.com
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto
Na vitória um herói, na derrota um demônio. Demônios são exorcizados, ficam na geladeira ou vão para o “mundo chinês”. Tite não é um herói. Ele é um ótimo treinador, penso que um dos melhores que este pais tem na atualidade. Mas está num universo conturbado, repleto de vaidades e patrocínios, onde há um limite muito tênue entre a moralidade e o interesse. Por vezes, a vitória vale mais. Tenho grande convicção que Tite fará um bom trabalho, que teremos resultados em grama melhor que nos últimos dois anos, mas ele não é herói, não é uma figura mítica como setores da imprensa estão pintados, Tite é humano e a humanidade dele é que faz ser seu fã. Enquanto outros se achavam gênios e heróis de troféus, Tite mostra que a humanidade vale mais. Entretanto na manchete esportiva do Jornal Nacional e nos debates esportivos da segunda-feira à noite deixam de lado a figura do humano pitam de heróis muitos homens.

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