Coluna do Professor #283, por Albio Melchioretto

(Reprodução)
FUTEBOL E POLÍTICA NO BRASIL

As informações que recebemos na mídia são suficientes para entender o universo do futebol? Ou há outros elementos de influência? Pensando nestas questões tive a oportunidade de ler o livro “Futebol e política no Brasil”, de Laércio Becker. O texto está disponível no site Campeões de Futebol. Ele apresenta um olhar que aproxima os presidentes do Brasil e o futebol e como ele foi usado em função de uma política governamental. Tem como ponto de partida o Brasil Império, mas o trata de maneira superficial, depois disso, mergulha nos presidentes, chegando até o fim da famigerada ditadura.

O autor entende que o futebol foi usado como um instrumento de mobilização popular. Cita inclusive práticas da Alemanha Nazista, quando durante a Guerra, os amistosos da seleção continuaram normalmente e como ele foi usado para fazer propaganda das acoes do governo sangrento de Hitler. O futebol, mas não só ele, é usado como estratégia renovada do “pão e circo”. E por aqui, basta ver o ufanismo comportamental durante a Copa do Mundo. Tudo para durante os jogos da seleção. Se acompanhássemos os noticiários com o mesmo avinco, teríamos outra postura diante a tantas mazelas e posturas medíocres de quem nos governa.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
Durante a ditadura militar o futebol foi usado como fator a mais de unidade do Brasil. A vitória do Tri sobre a Itália (com direito a jingle oficial), a criação de um campeonato nacional no ano seguinte, o inchaço da competição ao longo daquela década. Tudo isso, foi usado com intencionalidade de construir uma unidade em torno de uma marca nacionalista na base do “ame-o ou deixe-o”. Uma década mais tarde, na crise da Copa União, em 1987, fez a CBF criar a Copa do Brasil, para dar visibilidade a todos, retomando a mesma estratégia. O autor mostra que as decisões sobre o futebol estão para além das quatro linhas. São direcionadas por interesses políticos, como estratégia de manter-se no poder.

É bom a parada de tempo para ver e pensar o futebol além das propostas das mesas redondas. Um livro é um convite a uma reflexão e a outros pensamentos e mergulhar por questões que estão aí, mas nem sempre percebemos. As mídias de discussão, em raras oportunidades, abordam outras questões. Para fugir do mais do mesmo e do sensacionalista de questões importantes, um livro é sempre uma boa pedida.





2 Comentários

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  1. Boa dica.

    Já baixei o livro.

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  2. “pão e circo”. E por aqui, basta ver o ufanismo comportamental durante a Copa do Mundo. Tudo para durante os jogos da seleção. Se acompanhássemos os noticiários com o mesmo avinco, teríamos outra postura diante a tantas mazelas e posturas medíocres de quem nos governa.

    Concordo com o colunista, enquanto dinheiro do povo jorrava pelo ladrão vermelho, maracutaia, pixulecos entre outros, povão se alegrava com jogos de Copa e pão com mortadela. A cultura do brasileiro não muda.

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