Coluna do professor #397: A demissão de Oliveira Andrade foi justa?

Divulgação/Band

Oliveira Andrade foi demitido pela TV Record em 26 de janeiro de 2024, após transmitir duas partidas no Campeonato Paulista. A razão do desligamento de Oliveira Andrade seria a insatisfação do público com o estilo do locutor de 73 anos. O canal havia contrato com a equipe de transmissão do Paulistão. Após a demissão, o canal trouxe o já demitido Lucas Pereira. Os comentários na mídia social sobre o ótimo trabalho de Oliveira Andrade são pesadíssimos. Será que o público leigo recebeu poder demais ao julgar a ação profissional?

Em entrevista concedida ao Estadão, ele afirma: “Estava quieto, trabalhando. Não fui atrás da emissora, eles que me convidaram para trabalhar [...] Eles têm o direito de contratar ou demitir quem bem entendem, mas não posso aceitar [...] Se foi norteada pelas críticas na internet, foi um erro” (Alves, 2024). 

A decisão de demitir um colaborador devido à repercussão nas redes sociais é complexa e depende de vários fatores. Há de se considerar várias possibilidades, para além da própria mídia. Se a empresa tem uma política clara sobre a conduta nas redes sociais e o colaborador violou essa política, a demissão pode ser justificada. Não vejo como este o caso.

Se a conduta do colaborador nas redes sociais está causando uma repercussão negativa significativa para a empresa, isso pode ser motivo para demissão. No entanto, é importante avaliar se a reação é temporária ou se pode causar danos a longo prazo à reputação da empresa. Do ponto de vista ético, o estilo de narração não seria condição suficiente para propor um desligamento. É este ponto que o narrador trata no Estadão, na reportagem já citada.

Mas, o caso de Oliveira é de se questionar, a ausência de um planejamento adequado por parte do canal, a ânsia de se pautar pelo público leigo e a ausência de uma narrativa esportiva contínua mostram que fazer futebol na televisão necessita de experiência nos bastidores do show. Faltou respeito ao narrador e sua história. Lamentável TV Record.

Reportagem citada:
ALVES, Murilo César. Oliveira Andrade cita ‘prejuízo moral’ após demissão da Record: ‘Me levaram do céu ao inferno’. Estadão, S. Paulo, 30 jan.2024. Disponível neste link. Acesso em: 9 fev. 2024. 

Sobre o autor:

Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto (www.albiofabian.com). Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor pesquisador ligado a Faculdade SENAC Blumenau. 

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