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Foto: Samara Miranda/Ascom Remo |
A ESPN sempre mirou o futebol europeu como carro-chefe, mas a Série B do Brasileirão está provando que o DNA do torcedor brasileiro pulsa mais forte em solo nacional. Com exclusividade até 2027, o canal registrou 1 milhão de telespectadores nas três primeiras rodadas. É um número que superou até a Champions League em alguns horários. O jogo entre Paysandu e Athletico, em 4 de abril, liderou a audiência na TV paga, deixando o segundo colocado 45% para trás. Se a Série B era subestimada, hoje é exemplo de que investir no futebol local dá retorno. Por que demoramos tanto para enxergar isso?
A ESPN transmite todos os 380 jogos da Série B, os outros canais não o fazem na totalidade. Ao contratar narradores como Fefeto e Gustavo Santos trouxe frescor, provando que a emoção do futebol brasileiro não precisa de sotaque europeu para brilhar. Enquanto isso, clubes históricos como CRB e Chapecoense ganham holofotes que a Rede Globo jamais lhes deu. Será que a Série B está ensinando o que é "futebol verdadeiro" às elites midiáticas?
A estratégia da ESPN não para no Brasil. A renovação dos direitos da Confederação Asiática de Futebol (AFC) até 2028 revela um olhar para mercados emergentes, mas também expõe uma ironia, Cristiano Ronaldo, ídolo europeu, hoje atrai olhares para o Al-Nassr, enquanto a Série B mostra que o futebol local não precisa de astros globais para cativar. O que une os dois casos? Transmissões dinâmicas e respeito ao torcedor. Se a ESPN consegue fazer o asiático parecer relevante, por que duvidou do brasileiro? A resposta está na tela, a Série B é a prova de que o futebol nacional, mesmo sem glamour, tem alma.
A ESPN está reescrevendo as regras, mas a lição é clara, o torcedor brasileiro quer ver seu time, sua história, seu estádio. Enquanto a CBF sabota a Série D, a emissora elevou a Série B a patamares impensáveis. Resta saber, se um canal com DNA europeu consegue valorizar o futebol daqui, por que as próprias instituições brasileiras insistem em tratá-lo como produto de segunda categoria?
Sobre o autor:
Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto (www.albiofabian.com). Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor pesquisador ligado a Faculdade SENAC Blumenau, editor do podcast, Tecendo Ideias.