![]() |
| Foto: Reprodução/Instagram/Selección Argentina |
Ni pan, ni circo. No es "ahorro", es una decisión politica de armar un negocio a los privados!
A Copa do Mundo é “o evento” na ecologia do futebol. Os ciclos são marcados pelas copas. As edições inchadas, como a de 48 seleções, que será a próxima, talvez tragam menor engajamento do público, afinal Uzbequistão vs. Nova Zelândia pode não será um jogo popular. As edições com apenas 16, como foram as de 1954 até 1978 possuíam outro apelo. As edições com 24, com três até classificados por chave, com foram as de 1986 até 1994 diminuíram o brilho, e agora, teremos novamente uma copa com a famigerada classificação dos melhores piores. Mesmo com as críticas, pararemos para ver a Copa, pelo menos os jogos do Brasil.
O apelo de assistir a copa é diferente em cada país. Os vizinhos paraguaios decretaram ponto facultativo após a classificação nas eliminatórias. Na Bolívia, se ela chegar via repescagem, haverá uma festa equivalente a que foi a conquista do penta. Cada qual, com suas possibilidades. Neste espaço de múltiplos olhares os argentinos estão se questionando por onde assistir a copa.
Por lá, os jogos da Seleção Argentina correm sério risco de não serem transmitidos pela TV Publica, pondo fim a um costume ininterrupto há 52 anos. Os hermanos possuem uma relação com a tv estatal diferente daquela que nós construímos. Embora não haja uma declaração oficial, a decisão de não transmitir o evento de futebol mais relevante no canal estatal já estaria tomada. Especulações dão conta que a transmissão estaria nas mãos da Telefé, em processo de venda, e com sinal de menor alcance que a TV Publica. Na PayTV a TyC Sports mostrará. O problema, entretanto, está no desmantelamento da mídia pública promovida pelo governo de Javier Milei, que usa da contenção de gastos como justificativa. Na contenção milhares de argentinos, sem acesso a Telefé e ao PayTV deixarão de ver a última copa de Messi.
Mas mesmo levando em conta uma visão econômica, a invocação de contenção de custos é problemática. Há eventos que transcendem o olhar racionalista. O futebol possui um apelo, ao ponto de criar feriados e fazer o povo ir à rua festar. Os argentinos apaixonados pelo seu futebol registram audiências recordes. Por lá, existem os anúncios comerciais na mídia estatal, será que a soma dos fatores, copa, audiência, Messi e venda de cotas de patrocínio não sustentam uma lógica comercial? E além dela, não se sustenta um governo que pensr o futebol como um “agente de cultura”? Por que alguns governos nutrem ódio por aquilo que é cultural? A Copa Catar-22 não representou um "gasto" para a TV Publica, já que o canal recuperou o que investiu em direitos e produção por meio de receitas publicitárias. Há dados abertos que atestam isso. Futebol é negócio, mas antes disso, é a identidade de uma nação.
Será que desta vez Conan (o cachorro morto de Milei) o aconselhará melhor?
Sobre o autor:
Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto (www.albiofabian.com). Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor pesquisador ligado a Faculdade SENAC Blumenau, editor do podcast, Tecendo Ideias (Top 100 Education Podcasts).

