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| Colunista comenta a ação da policia na última semana como a proibição do protesto de torcedores do Corinthians contra a Globo (Foto: Leonardo Sacco/Arquivo Pessoal) |
Segundo o pensador francês Jean-Paul Sartre* a liberdade é uma condição intransponível do homem onde ele está condenado a ser livre. Não existe nada que obrigue o ser humano a agir desse ou daquele outro modo, suas ações são frutos do ato escolher. O homem usa da liberdade para escolher aquilo que ele projeta ser, onde a não-escolha também é uma escolha. Com a liberdade de ação deliberada, da escolha, nasce a angustia para Sartre, e não há outra possibilidade. A partir do pressuposto existencialista, quero na conversa de hoje comentar o cerceamento da liberdade e de escolhas que a PM protagonizou na Arena Corinthians no jogo de quarta passada; como também, entender o problema da Polícia Militar de meu estado, Santa Catarina, com as pilhas dos radinhos. Cogitei em escrever sobre o imbróglio envolvendo Fox Sports e OiTV – estou sem os canais FOX aqui em casa – porém, esta novela causa-me nojo e asco, além de ficar sem os canais.
Na Arena Corinthians a PM retirou faixas de protestos aos jogos às 22 horas, as faixas diziam “Rede Globo, o Corinthians não é seu quintal” e ainda “Jogo às 22h também merece punição”. Aqui em Santa Catarina, a PM tem proibido a entrada de rádios com pilhas grandes, pois as mesmas representam um risco a integridade dos envolvidos, segundo nota oficial apresentada pela PM e divulgado aqui no Esporte e Mídia.
Até que ponto a polícia pode intervir no futebol?
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Albio Melchioretto - colunista do Esporteemidia.com
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto |
Olhando as imagens do jogo do Corinthians versus Capivariano perguntava-me se houve uma regressão à época da ditadura. Será que enquanto torcedor posso apenas escolher o silêncio e a aceitação de horários inescrupulosos e regulamentos sem sentido? Há torneios, que constam no regulamento, a proibição de manifestações em estádio. O torcedor de estádio não é o torcedor de sofá. Lá é lugar sim de protestar, não apenas contra a mediocridade do campo mas também contra as mazelas que estão fora dele. Pilhas? Não seria melhor a segurança do estádio fazer sua parte? Caso haja algum imbecil no estádio, arremessando pilhas ou qualquer outra coisa, uma ação inteligente poderia ser: identificar, retirar, julgar e punir e num caso mais sério, impedir o acesso dele aos estádios! A Inglaterra limou a violência nos estádios com ajuda eficaz da polícia e da justiça, mas por aqui a melhor solução parece ser vedar. Novamente, censurar. Impedir a ação livre de escolhas e tornar o escolhente responsável pela sua decisão parece ser algo impossível para uma PM acostumada a um lugar onde vedar, proibir e coibir parecem ser mais forte que conscientizar e responsabilizar o outro pelas escolhas.
O futebol é um evento privado, de uma federação, não é um evento público. Por que contar com efetivo da PM para as ações descritas acima, ao invés de seguranças? Parece-me confuso.
* SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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