Albio Melchioretto #125: A insensibilidade da CBF e a televisão

Colunista afirma que o 'Jogo da Amizade' foi, na verdade, o 'Jogo de Interesses' (Ricardo Stuckert/CBF)
Os pensadores franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, no primeiro volume da obra Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia apresentam as características aproximativas do rizoma. Com ela os pensadores evidenciam que o mundo não é apenas uma cadeia linear de eventos, onde um sucede ao outro. Os eventos estão interconectados numa teia de influências. O factual não está isolado de outros acontecimentos, conecta-se com diversas possibilidades. 

Na semana presenciamos o evento com maior quantidade de canais envolvidos, o chamado Jogo do Amizade, 17 canais. A partir dele, duas notícias, encontradas no ciberespaço, me conduziram em algumas reflexões. A primeira, uma postagem do Juca Kfouri, questionando a descrença do torcedor com a CBF enquanto organizadora do evento e transparência num evento de solidariedade. O últimos presidentes e o atual reforçam qualquer desconfiança. A segunda notícia, vem da Folha de S. Paulo, que usou do jogo como vitrine para vender os amistosos da seleção, já que seu contrato com o Grupo Globo terminou e ainda não foi renovado.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto
O jogo da amizade foi o jogo de interesses. A ideia de torna-lo vitrine e repassar a trocentos canais foi na verdade uma estratégia comercial. Algum problema nisso? Sim, um grande problema. Brasil versus Colômbia não era um jogo normal. Jogo da amizade por tudo o que os colombianos fizeram diante da tragédia; o jogo da solidariedade com os envolvidos, um momento de gratidão diante da dor. Um espaço de confraternizar e valorizar o que há de humano. Conectar o esporte com as virtudes. Mas a CBF optou em vender um produto. Atitudes assim, vem ao encontro, da reflexão que o blog do Juca propôs, qual o grau de confiança do torcedor com a CBF? A intencionalidade que está nas entrelinhas do jogo é assustadora. Parece que para a confederação tudo está num plano secundário e que apenas o negócio “seleção” tem importância. A experiência de vitrine poderia acontecer, mas não neste amistoso.

Acompanhei com calma, a estreia da Chapecoense, pela Primeira Liga, contra o Joinville. Gritos de "vamos, vamos, Chape" tomaram conta do estádio no minuto 71. Tem como não se emocionar? Não é a torcida de um time que grita, mas todos que nos conectamos com tantos familiares que perderam seus entes, o silêncio na transmissão do Sportv/Premiere diz muita coisa. A dor de alguns que é a dor de todos. Em meio a dor, não deveria existir vitrines de exploração...

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