Alipio Jr. #121: Globalizaram o rádio

Colunista comenta as demissões no Sistema Globo de Rádio e a integração com profissionais de Globo e SporTV (Mateus Bruxel / Agencia RBS)
Como é do conhecimento de todos e apesar de alguns tentarem negar, as rádios agonizam. Com o advento da internet e o acesso mais fácil a todas, ganharam uma sobrevida e algum frescor, afinal você deixava de ouvi-las só no volante, transportando para os celulares. A novidade logo se esgotou e a audiência voltou a patinar como era antes.

No ano passado, mas precisamente em maio de 2016, foi anunciada a junção da Rádio Globo/RJ com a CBN/RJ, como já acontecia em São Paulo e Minas Gerais. A ideia era boa, afinal você juntava vários profissionais famosos no dial e num autentico crossover, colocava todo mundo junto. Era a seriedade e a informação de uma rádio com a paixão e o jeito mais informal de outra. E a coisa funcionou por um tempo.

É interessante ressaltar que a transmissão do rádio tem toda uma particularidade e quem é fã, já está acostumado. Ele está ali porque gosta do jeito que é. Pode ser melhorado? Pode. Mas o básico é a informação e a tentativa de transposição de emoção para quem não está podendo assistir, tentando fazer com que consigamos ver o jogo através do que estamos ouvindo.

Alipio Jr.
@alipioj
No início do mês de dezembro de 2016 começaram as demissões de profissionais dessas emissoras com a justificativa de que viria um novo projeto, uma nova rádio Globo. Nesta semana a novidade foi lançada: Os profissionais da emissora de tevê estão na escala da rádio. No jogo Botafogo x Nova Iguaçu, a narração foi do Alex Escobar e os comentários do Juninho Pernambucano com o jeito bufão de Dé, o Aranha.

O comunicado distribuído dizia que a mudança era uma maneira de trazer o padrão Globo da tevê a um “(...) produto disruptivo em formato e linguagem (...)”. Clayton M. Cristensen, professor de Administração em Harvard, criou o termo “disrupção” para definir inovações que acabam por oferecer produtos acessíveis, criando assim todo um novo mercado de consumidores e desestabilizando quem antes era líder do setor. O problema é que o líder do setor, neste caso, era a própria Rádio Globo e a CBN estava na 3ª posição antes da junção.

O fato é que a mudança não foi muito legal. Alex Escobar não acompanhava o ritmo do rádio, usava a lentidão da tevê nos lances e a sensação que tínhamos era de assistir melhores momentos de um jogo. Por sorte foi um jogo fraco tecnicamente e sem muito a perder, mas o resultado foi preocupante. A transmissão do Penido no domingo, profissional do rádio, já foi muito melhor conduzida.

Pode melhorar? Pode. Contudo, não seria mais fácil manter Evaldo José, por exemplo, ótimo narrador e comentarista?  O que pareceu nas entrelinhas é “estamos em crise, agora você trabalha em dois ou três locais, dependendo da semana, mas receberá por um só”.

É uma pena. O rádio tem muita coisa boa e precisa se reinventar, entretanto não será essa transferência de um modelo consolidado para outro que trará o renovo necessário. A mudança precisa ser preservando as suas características e aquilo que faz dele algo tão ímpar.

Abraços e até a próxima.

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