Coluna do Professor #302, por Albio Melchioretto

(Foto: Freepik)
CARTA ABERTA AOS ESCRITORES DE CARTA ABERTA

Alguns discursos têm me enjoado.

Um deles é a premissa, “vamos nos unir” ou “somos todos juntos”. De forma alguma. Se nos encontramos numa sociedade doente, para além do COVID19, é preciso compreender os motivos que levaram a doença. Compreendido é hora de apontar e desvelar os motivos para que todos conheçam. Ao conhecer necessita-se um processo de ensinar e aprender para evitar tais problemas no futuro. Não é questão de unir, estar juntos, mas evidenciar a diferença para superar os problemas. Só há crescimento, quando os erros são apontados e não velados no discurso da união.

Antes da união, é preciso superar as diferenças. 

O discurso do estar junto esconde a origem dos problemas. Por exemplo, o presidente do Flamengo pregou o estar junto agora, na volta aos treinamentos. Pede isenção de julgamento. Mas ao mesmo tempo, escreve uma carta – o que é legítimo – na defesa de seus direitos, mas não se une em favor de um futebol melhor. E ao exercer o direito de escrever, ignora a vida humana. Pede união, mas não é capaz de agregar outros para discutir um contrato de televisão. O discurso do unir-se é a visão do grande erro, mas também tem, a incapacidade de assumi-lo, então, pede a união de todos, com a falácia, “estamos no mesmo barco”.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
Não estamos no mesmo barco, porque vivemos numa sociedade produtora de desigualdades.

Qual a relação disso com a mídia? Caminhamos rapidamente para 30 mil mortos. Por que discutir a volta do futebol no Brasil? Fazer cartinha, reunião miliciana em Brasília, ir a mídia televisiva choramingar as pitangas… E onde está a criticidade frente a isto? Vidas humanas importam mais, e ver presidente de time, fazer campanha para apressar a volta é no mínimo, doentio. Falta uma mídia televisiva mais impositiva, crítica e reflexiva que única preocupada com lives de entretenimento. Estaremos únicos, quando consenso primeiro será em prol da vida e nada mais.

Um dia ainda ei de ver uma mesa-redonda que discuta futebol e política do futebol sem medo, com profundidade e argumentos reflexivos para além de interesses corporativos.




2 Comentários

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  1. União é o cacete. Tô cansado de ver a mesma coisa quando acontece uma tragédia ou um problema global. Surgem os mesmos clichês, sem nenhuma mudança prática.

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