Antes de abrir o tema de hoje, nosso comprimento a todos os pais. Que todo abraço virtual seja de olhar de esperança em tempos sombrios. Que a lembrança da paternidade seja uma luz de exemplo para nossos dias e que todas as formas de paternidade sejam respeitadas. Afetuosamente, feliz dia dos pais.
No último mês, o Banco Itaú BBA publicou a análise econômico-financeira do futebol brasileiro. Os dados demonstram uma faceta da realidade que o futebol se encontra. O documento, desde 2011, é lançado. Análise é montada a partir do lançamento das contas dos clubes das Séries A e B que são
publicadas até o final de abril. Os clubes são obrigados por lei a torná-las públicas. O documento apresenta uma leitura geral e depois, faz uma análise de cada clube. A coluna apresentará alguns comentários no parágrafo seguinte, e no último, algumas considerações.
Os dados mostram que a maior receita dos clubes está na venda de atletas, que representa 21% sobre o total. Vender atletas é parte do modelo de negócios no Brasil. Em contrapartida há uma contradição,
pois se investe 5x mais na formação do elenco que nas categorias de base. Os clubes se preocupam mais com o elenco que a formação. Mas se o investimento for maior na base, o retorno a longo prazo poderia ter um desempenho diferenciado. Outro ponto, o banco ao criar um ranking de receitas onde Barcelona e Real Madrid lideram, apresentam como melhor brasileiro, o Flamengo, em 30º, logo atrás do Crystal Palace.
Como estamos longe do modelo europeu de fazer futebol. Em relação a mídia esportiva, a nova prática de comercialização dos direitos de televisão não alterou muito o valor total das receitas com direito de
TV. Entretanto, Cruzeiro, Sport Recife e Vitória foram os que mais perderam no comparativo com os demais.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
Para pensar o amanhã apontaremos três ideias: negociações coletivas, clubes-empresas e mudança de mentalidade. A primeira ideia, já defendida aqui na coluna. Pensar o futebol como produto e propor
negociações coletivas. Não apenas para televisão, mas pensar patrocinadores, divulgação e exploração das marcas. O modelo individualizado imposto pelo Flamengo no Campeonato Carioca desfavorece os menores clubes. Uma competição com superpotência e saco de pancadas é ruim. Vide como as ligas americanas como intervem para favorecer o equilíbrio. E tudo tem como ponto de partida, as negociações coletivas. Aqui se fez algo parecido na Copa União de
1987!
A segunda ideia é a transformação de clubes em clubes-empresas. Bandeira defendida pelo Botafogo. Não é uma manobra de deixar dívidas e recomeçar, como os italianos fazem. Mas a implantação de um modelo de gestão com metas, objetivos e responsabilidades. Algo que mencionamos na coluna #319, uma perspectiva de profissionalizar todas as áreas do clube. A paixão é condição do torcedor, não pode ser condição da gestão do clube.
A terceira e última ideia, está ligada as duas anteriores. Uma perspectiva de mudança de mentalidade. E talvez seja a que beira a impossibilidade. Quando do 7x1 desperdiçamos a oportunidade de mudanças. Repensar a estrutura caduca de federações, estaduais, calendário, negociatas, gestão amadora e por aí vai. Uma mentalidade que deveria passar pela mídia também. Fazer discutir as condições financeiras dos clubes. Ouvimos a meses que Cruzeiro e Corinthians são endividados, mas não vi mesarredendodizar a saída da dívida e a proposta de gestão de Goiás e Fortaleza como outro-modelo.
Foto: Reprodução/GE