(Foto: Divulgação) |
FUTEBOL DE AREIA RAIZ: USO INDEVIDO DE VERBAS PÚBLICAS
Nos últimos dias o Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, abrigou o Mundial de Futebol de Areia Raiz. O evento deveria acontecer na última semana de março, mas foi transferido por conta da pandemia. A categoria disputa jogos em terra compactada, e possui regras diferentes do Beach Soccer. A competição conta com 12 selecionados e é organizado pela CBFAreia (Confederação Brasileira de Futebol de Areia) e Soccer World Confederation. Os jogos foram mostrados pela rede estatal, TV Brasil e também pelo BandSports.
A organização da competição, em matéria divulgada pelo Blog Olhar Olímpico, do UOL, teve a chancela do governo federal. A verba foi aprovada no último dia do governo de Michel Temer (MDB), quando na oportunidade Leandro Cruz (MDB), era ministro do esporte, e hoje é secretário da educação do Distrito Federal. Além destes, foram assinados ainda outros dois convênios num total de 3,1 milhões de reais. Se somarmos todas as outras confederações, durante o governo de Temer, chegaríamos ao total de 3,3 milhões.
Muito estranho. Além dos valores desproporcionais, o atual governo cedeu o Centro Olímpico e a TV Brasil para mostrar amadores em campo (no caso, areia). Além de todos os gastos, o atual governo desembolsou mais 525 mil de reais para manter os jogadores hospedados. Repito, amadores, num esporte sem chancela da FIFA, Conmebol ou do COI, hospedados com dinheiro público, e muito dinheiro. Sou o único que acha isso estranho? E com direito a janela do canal estatal.
O dinheiro foi usado para compra de uniformes de seleções convidadas. Apesar de assinado no governo Temer, a verba foi chancelada pela atual trupe. Outro número que assusta é o projeto social usado pela categoria para justificar a bocada do nosso dinheiro. Segundo o mesmo Olhar Olímpico, em janeiro de 2019, “para manter a escolinha funcionando para quatro turmas de 16 adolescentes, a confederação vai usar recursos federais para contratar quatro técnicos, quatro auxiliares, quatro fisioterapeutas e dois coordenadores. Todos em período integral. Cada time vai treinar três vezes por semana. O cartola [Nereu de Carvalho Maydana] alega que quer aproveitar a estrutura para oferecer mais aulas".
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
Temos uma entidade que não nos representará em nada, um esporte sem pretensão olímpica, facilmente confundido com o Beach Soccer, recebe muita grana. Enquanto isso o atual governo realizou uma manobra para cortar pagamentos do Bolsa Atleta em 2020. Lembro que o programa foi criado em 2005, no governo de Lula (PT), para financiar atletas de alto rendimento no país. O programa custa 140 milhões por ano, mas o orçamento da União só reserva R$ 70 milhões unificando o atual edital com 2021, o que fará um ano no limbo.
Dinheiro público e uso da emissora estatal para uma finalidade privada de um grupo desconhecido, para nós. Enquanto isso, as modalidades representativas padecem com migalhas e o descaso. Não há como dissociar política do esporte.
Sem querer misturar política mas já misturando, isso é um grão de areia perto da roubalheira e desvio de grana pública que fizeram pra construir ou reformar elefantes brancos país afora pro 7 a 1.
ResponderExcluirNão foi dada a promessa? Isso é defender o não cumprimento de contratos? Se o temer chancelou, quem vem depois paga o pato. Reclame deles.
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