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Locutor da TBC diz “nunca se importou com racismo” durante transmissão e gera revolta nas redes sociais

Foto: Reprodução

Uma fala polêmica do narrador Túlio Isac, durante a transmissão de Rio Verde x Anapolina pela quinta rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano, causou indignação nas redes sociais e gerou cobranças públicas contra a TV Brasil Central (TBC), emissora responsável pela cobertura do jogo. A informação foi publicada inicialmente pelo portal UOL.

O episódio ocorreu quando o árbitro Jefferson Ferreira expulsou o meia Patrick, do Rio Verde, após uma discussão com o goleiro Arthur, do Anapolina. Ao aplicar o cartão vermelho, o juiz fez um gesto com os punhos cruzados na altura do peito, sinal amplamente reconhecido como denúncia contra racismo no futebol.

Durante a transmissão, a equipe da TBC demonstrou incerteza sobre o motivo da expulsão e, ao ler o alerta de uma telespectadora, o narrador Túlio Isac fez a seguinte declaração:

“A Ana Carolina está dizendo aqui: ‘o gesto dele é de racismo’. Pode ser, então. Ele colou os punhos, e aí é um gesto de racismo. Eu não sei, porque nunca me importei com isso. É uma grande... Não me importo com isso, está tudo certo, mas se é um gesto de racismo, vão ter consequências mais sérias por aí.”

A fala foi interpretada por muitos como minimização ou desdém diante de uma denúncia grave. Na página oficial da TBC nas redes sociais, diversos usuários comentaram em postagens relacionadas ao jogo. Entre as mensagens estavam críticas como “Racismo é crime”, “Lamentável a transmissão. A fala do narrador deve ser objeto de dano moral coletivo” e “TBC, a TV que propaga racismo”.

O caso chegou também ao âmbito político. Durante sessão na Câmara Municipal de Anápolis, o vereador Professor Marcos Carvalho (PT) denunciou publicamente o episódio:

“Durante um dos jogos da Anapolina, o locutor da TV Brasil Central disse que não se importa com racismo. Mas é inadmissível que uma TV pública tenha um locutor que faça essa fala ao vivo. A emissora é pública e o poder público não pode ser conivente com nenhuma manifestação de racismo. Racismo é crime. Como diria Angela Davis: não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.”

Até o momento, a TV Brasil Central ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A repercussão negativa deve intensificar a pressão sobre a emissora, que é vinculada ao governo estadual de Goiás.

A fala do narrador ocorre em um momento em que o futebol brasileiro — e mundial — reforça campanhas contra o racismo dentro e fora dos gramados. No Brasil, o gesto do “X” com os punhos cruzados foi popularizado pelo atacante Vinícius Júnior e passou a ser um símbolo de resistência e denúncia.

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