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| Foto: Instagram/Clube Atlético Metropolitano |
Gosto de acompanhar os clubes da minha região. Aliás, nas andanças pelo Brasil, sempre frequentei os estádios. Atualmente, morando entre duas cidades com futebol, acompanhando o Metropolitano e o Blumenau, de Blumenau, e o Juventus, de Jaraguá do Sul. Torço para alguns? Não é questão de torcida, mas de acompanhar aquilo que é do território.
Confesso que os números da torcida do Metropolitano me deram esperança, são 1.869 torcedores por jogo, em média na Série B Catarinense. São mais os aficionados pelo time local. Esta marca supera os números de clubes de passagem pela série A do Brasileiro, e que atualmente estão na B Nacional, como Botafogo-SP, Cuiabá e até o América-MG.
Enquanto clubes profissionais choram por "crise de público", o "clube do povo" de Blumenau prova que paixão não morreu — só falta visibilidade. Se um time do interior catarinense lota o Monumental do Sesi (estádio local que voltou a receber jogos após cinco temporadas), por que estádios de R$ 1 bilhão no Rio e São Paulo agonizam vazios? A resposta está no espelho: a mídia ignora quem não vende audiência em massa.
Vejo na própria Blumenau a lição: a cobertura do NSC Total (que divulga bordôs e estatísticas) e as transmissões regionais no YouTube fazem o torcedor sentir-se parte do ecossistema. Enquanto a Globo reduz o futebol estadual a notas de 10 segundos, o Metrô ganha espaço diário na mídia local, rádios comunitárias e grupos de WhatsApp. Não é sobre "grande produção"; é sobre pertencimento. Se o Blumenau (da mesma cidade) tem média de 1.252 pessoas, é porque a mídia local entende: futebol é conversa de bairro, não espetáculo distante. Não é show do intervalo, é a aproximação com o torcedor.
Mas nem tudo são estrelas. Nenhuma rádio FM de Blumenau está transmitindo os jogos da dupla da cidade. Em Jaraguá, conseguimos alguma coisa com o Juventus.
Mas aí esbarramos na hipocrisia das federações. A FCF cobra caro por direitos de transmissão da Série B, mas entrega imagens tremidas e narrações chapa branca. Quando a Série B do Brasileirão tem transmissão nacional (com vários canais. RedeTV!; Desempedidos; SportyNet; ecossistema Disney+/ESPN) e a Catarinense vira "conteúdo de fundo", fica claro: o abismo não é geográfico, é de prioridade midiática. O Metrô brilha apesar do sistema, não por causa dele.
A volta do Metropolitano ao Estádio do Sesi após 5 anos no exílio em Ibirama é um símbolo potente. O clube entendeu que estar perto das raízes importa mais que migalhas de TV. Enquanto isso, times da Série A gastam milhões com "consultorias de engajamento", mas terceirizam suas narrativas para narradores genéricos. Pergunto: quantos "Metropolitanos" o Brasil desperdiça porque a mídia prefere falar de europeu milionário a valorizar o João que trabalha na cidade e vai ao estádio no domingo?
Concluo com um fato irrefutável: o público vai onde se sente visto. Se a Série B nacional tem médias pífias (Athletic-SP com 490 pessoas!), é porque a cobertura trata esses clubes como "resto". O Metropolitano ensina que bastam transmissões dignas, notícias diárias e respeito à identidade local para encher estádios.
E aí, pergunto: se um clube de Série B Catarinense consegue, por que a CBF não trabalha em favor de uma mídia que evidencie, em vez de vender o futebol pobre a agências fantasmas?
Para conhecimento, levantamento apresentado pelo NSC Total, 11 de julho de 2025:
Média de públicos (Série B Nacional e Série B Catarinense):
Metropolitano – 1869, três jogos;
Botafogo-SP – 1759, sete jogos;
Cuiabá – 1612, sete jogos;
América-MG – 1372, sete jogos;
Ferroviária – 1327, seis jogos;
Blumenau – 1252, três jogos;
Novorizontino – 1141, oito jogos;
Juventus (Jaraguá do Sul) – 772, dois jogos;
Volta Redonda – 763, sete jogos;
Amazonas – 622, sete jogos;
Athletic – 490, sete jogos.
Tubarão – 305, três jogos;
Camboriú (mandando os jogos em Imbituba) – 221, três jogos;
Carlos Renaux – 206, dois jogos;
Nação (Araquari, mandando os jogos em Joinville) – 200, três jogos;
Fluminense (Joinville) – 152, dois jogos;
Porto – 97, três jogos.
Sobre o autor:
Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto (www.albiofabian.com). Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor pesquisador ligado a Faculdade SENAC Blumenau, editor do podcast, Tecendo Ideias.

